O tom da campanha está a ganhar proporções lamentáveis.
As hostes socialistas têm enveredado ultimamente por um discurso e linguagem próprios de gente trauliteira. O recente comício do PS no Alentejo foi um exemplo disso mesmo. Capoulas Santos fala em trupe. Vital Moreira atira com calúnias. José Lello reitera as afirmações do último e "democraticamente" ataca quem no PS não concorda com esta postura.
Relembro-me da indignação socrática face aos cartazes da JSD. Inadmissível! O teor e a linguagem não são próprios de quem sabe estar em democracia! - disse ele e pediu justificações.
Mas isto não é nada de novo. Basta recuar um pouco para recordarmo-nos de um Santos Silva "malhador", de um pitoresco Manuel Pinho e suas papas, das tiradas rústicas de Mário Lino ou de um Jorge Coelho a fazer avisos à circulação com um: "quem se mete com o PS leva".
No entanto todos eles costumam indignar-se com as atitudes e afirmações de Alberto João Jardim. Virgens ofendidas...
Todavia não é só na forma que o discurso se tem radicalizado. É também no conteúdo.
As acusações de Vital Moreira, para além de deselegantes e grosseiras, reflectem conotações gravíssimas do PSD com o caso BPN. E não é o único a seguir por esta bitola: na blogosfera prosperam chistes do mesmo teor. A estratégia é clara. Associar a cúpula social-democrata de agora e de antanho, indirectamente Durão Barroso e principalmente o Presidente da República, ao BPN. Tenho assistido a teorias da conspiração, algumas bem montadas e ardilosas, outras que roçam o ridículo. Mas o seu objectivo persiste, passar para a opinião pública, a ideia de que o PSD e o BPN estão interligados.
Só gente de má fé e ignorante é que pode fazer esta associação.
Alguém tem dúvidas que militantes dos partidos do arco do poder governativo estejam presentes em praticamente todas as maiores empresas nacionais; sejam públicas ou privadas, na banca ou na finança? E isto significa que todas as fraudes ou desvios à lei que se possam passar no sector económico têm conotações partidárias? Só gente de má fé e hipócrita é que se aproveita desta realidade para ataque eleitoral. Sim, hipócrita leram bem. E se não for hipocrisia, será ignorância porque, tal como em toda a economia, também no BPN havia gente do PSD...e do PS! O Banco Efisa do Grupo BPN tinha no seu conselho geral, presidido por Oliveira e Costa, figuras tais como Guilherme d' Oliveira Martins, Augusto Mateus ou José Lamego; por exemplo. Ninguém duvida da idoneidade, seriedade e brilhantismo profissional e académico destes três senhores. Porém estão relacionados com o Grupo BPN. E não estáo ligados à esfera socialista?
Este tipo de conotações são um absurdo demagógico e populista.
O que não deixa de ser engraçado, até porque estamos no rescaldo do rebentar do caso Freeport. E quando este explodiu, muitas das pessoas acima referidas andavam escandalizadas com os ataques ao líder, clamavam pela presunção de inocência e repudiavam o julgamento sumário na praça pública, pela comunicação social. Pelos vistos, mais DVD, menos DVD, a presunção de inocência só funciona para alguns. Mas faz sentido, assanhados, como estão os cães de guerra, não tarda o Freeport nem chegou a ser construído.
Se se recordam, o PSD na altura, absteve-se de fazer comentários sobre o caso. Muito menos acusações! E não venham com a conversa dos média manipulados pelos sociais-democratas. Se há sector da sociedade que sempre foi avesso ao PSD, foi a comunicação social; basta ver o consulado cavaquista, santanista e a parte final do governo de Durão Barroso. A pressão mediática de que se queixam os socialistas, mais não é do que as consequências práticas e corporativas da tentativa de domínio e controlo da comunicação social através de quintos canais, ERCS e processos judiciais.
Não é assim, com tácticas do género, e sem falar daquilo que interessa verdadeiramente às pessoas, que se dignifica e credibiliza a política. A única coisa que conseguirão será a maioria mais que absoluta... da abstenção.
Rudolfo de Castro Pimenta
Vogal da Comissão Política da Secção F/JSD
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